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O VIVEIRO E A SERRA DA PADRELA
A minha velha casa, situada no fundo da Aldeia, tinha uma janela virada ao nascer do sol, todos os dias quando me levantava da cama, logo a abria de par em par, contemplando a bela paisagem.
Á minha direita, lá estavam os picotos com a frondosa ramagem dos pinheiros onde os pássaros esvoaçando faziam os ninhos. Mais abaixo junto ao ribeiro, os carvalhos ondulantes pela força do vento, escondiam o velho moinho que a água tranquila e branca fazia girar.
Á minha esquerda ladeando os matagais de S. BENTO, e a capelinha do Santo com o mesmo nome, lá estava Cabeça Gorda olhando o vale de terra lavrada, e as casas de pedra fumegando.
Ao centro, e olhando bem de frente, percorria a encosta verdejante da Serra Mãe, que nos dava o pão, dava também o trabalho, e nós fomos desprezando sem jeito.
Das suas entranhas nasceu aquele, que seria amado por todos, o seu nome de baptismo era VIVEIRO, nasceu escorreito, e regia-se pelas regras do Estado— Aquele Estado que dava ordens e todos cumpriam. Cumpriam os que davam as ordens, cumpriam todos aqueles que obedeciam, e todos cumpriam a bem da Nação.
Um dia, era ainda menino e moço, na companhia do meu amigo da época o João Albino da tia Soledade, fomos visitar o viveiro. Quando começamos a subir a encosta que dava acesso ao viveiro, a primeira coisa que vimos foi uma grande cozinha á sombra das árvores, havia muitos potes de ferro á fogueira, e muitos outros pendurados numa grande parede.
Para meu espanto, a grande cozinheira daquele espaço, era nem mais nem menos, aquela que é hoje a minha amiga e cunhada GUIOMAR.
Face á nossa admiração por ver tantos potes á fogueira, logo começou a dizer a quem eles pertenciam, e nos mostrava o que eles estavam a cozer, este que tem batatas é do teu irmão Manuel! - Este é de fulano, aquele é dum rapaz de Zimão, aquele é de outro rapaz de Raíz-do-Monte. Enfim, todos aqueles potes tinham dono, e toda aquela gente mais nova ou mais velha, trabalhavam diariamente no Viveiro de PARADA.
Sentei-me numa pedra em frente á fogueira, e ia vendo chegar os homens de olhar rude e pele gretada pelo vento e das longas manhãs frias de Inverno.
Todos os dias, às 8 horas da manhã, uma corneta entoando um som estridente serra abaixo, dava o início de mais um dia de trabalho. Logo o pessoal era dividido pelas várias tarefas que havia para fazer, uns iam apanhar sementes, outros tratavam das plantas dos talhões, e ainda outros mais fortes iam fazer a plantação abrindo covas pela serra fora.
Quando chegava a época da apanha das pinhas, era sempre na altura de mais frio e grandes geadas, lembro-me bem os meus irmãos dizer que faziam grandes fogueiras para aquecer as mãos, para depois poderem subi r aos pinheiros.
, Partiam de manhã, e regressavam ao Viveiro ao por do Sol, transportando às costas os sacos com a quantidade de pinhas que cada um apanhava, que logo era pesada, e depois vazada na eira para secar ao Sol.
Quanto mais apanhavam mais ganhavam, naquela época não havia pão pra malucos como hoje! Tanto ganha aquele que nada faz, como aquele que trabalha muito e nunca está de baixa.
Nem tudo eram rosas pelas bandas e cercanias do Viveiro, havia já nessa altura alguns caciques, que julgavam ser donos e senhores feudais da serra, e tudo aquilo que ela tinha. Não se pode admitir que á época de então, fosse preciso uma licença para roçar mato e cortar lenha, e para cúmulo dos pobres lavradores serem multados, por serem apanhados a dar de comer ao gado, na serra que era do povo. Creio que haveria alguém com excesso de zelo.
Volvidos muitos anos depois, voltei ao Viveiro para recordar o lugar que em tempos foi um jardim, das belas flores azuis e rosas brancas não havia qualquer rasto. Por momentos cheguei a pensar, que não era bem ali o Viveiro que eu conheci meu DEUS! Que barbaridade, nem a bomba de Hiroshima fez tanta desgraça.
Recentemente quando da construção da A24 alguns ambientalistas da região, bradaram aos céus pelo traçado da estrada. Vieram dizer que percurso e caminho dos lobos tinha que ser preservado, pois bem, só não entendo como esses mesmos ambientalistas, não se têm preocupado com o resto da serra, e a sua reflorestação. Tanto a serra da Padrela e a serra do Alvão metem dó, e nada disto abona á paisagem do lindo vale do nosso concelho.
António Cândido ----Lisboa
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domingo gordo é mesmo para enfardar :D :D :D
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