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Castanhas da Abelheira
Levito nas asas do tempo e regresso ao paraíso da infância em Parada do Corgo.
Outono. Rajadas de vento arrastam chuvas torrenciais. O céu da aldeia fumega por sobre os telhados.
- Mãe, amanhã sempre vai às castanhas?
- Vou, filho.
- Posso ir?
- Mas olha que eu vou muito cedo!
- Está bem, chame por mim.
Ceávamos. No prato, batatas com casca assadas nas brasas, depois de cozidas, no pote, por entre castanhas da Abelheira. Da almontelia escorrera, fininho, um fio de azeite de Vila Flor. Depois, uma colher de vinagre caseiro. O garfo ia amassando e trazendo à boca aquela delícia. Na fogueira, zogas e ramos secos de giesta aqueciam a casa de lés a lés. Lá fora, o vento soprava, assanhado, vindo dos lados de Braga. As bátegas de água que ele empurrava zurziam nas telhas, escorriam pelos beirais, engrossavam os regos, entupiam caleiros, e inundavam as hortas e as levadas.
- Tu vê lá! ( Advertiu minha mãe)
Não custou nada pedir. O pior foi de manhã:
- Então, sempre vens?
- Sim ...(Respondi mergulhado num sono desgovernado).
Sem realmente acordar, integrei o pequeno diálogo no meu devaneio. Minha mãe insistiu, batendo à porta do quarto:
- Vens ou ficas?
Comecei a acordar aos pouquinhos, por isso abri a boca e respondi num bocejo:
- Vou, mãe, é só um cibinho.
Vesti-me à luz da vela, pois o temporal fizera das suas.
- É melhor levares a samarra!
De samarra abotoada, com a gola a esconder o rosto até ao nariz, saí em corrida, morto pra ver as castanhas e os castanheiros. Minha mãe conhecia bem o caminho, cheio de pedras, algumas bem aguçadas, e alertou logo à saída:
- Tu vai devagar! Se cais, não há quem te leve à farmácia!
Levava uma cesta suspensa no braço esquerdo e, com medo da minha escaravelhice, segurou-me bem com a outra mão. O vento era agora mais brando, parecendo tolhido pelo cansaço de uma noite inteira a soprar. A chuva também dera tréguas. As ruas, os regos e os caleiros estavam entulhados com o lixo que a água arrastara e fora deixando pelo caminho.
Subimos pelo cimo da aldeia até à beira da Escola, passámos junto às Almimhas. Minha mãe fez o sinal da cruz e rezou. Não me obrigou a rezar. Coisa rara! Deixou-me à vontade com os meus pensamentos ... saboreava o prazer de ir às castanhas em vez de mais uma sessão de tabuada na escola. Porém, era sábado...
O caminho apertava e subia cada vez mais. De um lado, os soutos da Esculca, do outro, as bouças do sopé da Veiguinha. Passa um burro por nós. Sem dono. Espavorido. Quem sabe se a fugir de um lobo.
Dez minutos depois, eis-nos a atravessar o ribeiro da Esculca, a iniciar uma pequena subida. Um pouco acima, parámos.
- É aqui!
A Abelheira era um souto em ladeira, com meia dúzia de castanheiros que medraram e envelheceram junta a uma bouça e do caminho pra Montenegrelo. O terreno restante ficara livre pra outras colheitas, como o centeio.
O castanheiro do fundo era dos mais antigos. O tronco largo apodrecera por dentro. Por fora, a toda a largura, o viço vindo da terra subia ainda em pleno vigor até aos ramos, sempre carregados de ouriços de onde caíam gordas castanhas.
A noite de ventania fizera um grande trabalho: milhares de castanhas jaziam por terra, já fora do seu casulo. Outras ainda lá estavam, muito escondidas.
- Pisa em cima do ouriço, que elas saem ! ( Aconselhou minha mãe)
E assim era: com a pressão do pé e o peso da chanca os ouriços iam cedendo, deixando soltar as castanhas. Umas vezes saía uma, outras aos pares como gêmeas.
Chegámos ao castanheiro final O mais jovem. Minha mãe deu-me a honra da última castanha.
Ofereci-me para ajudar no transporte. Minha mãe, com diplomacia:
- Prá próxima. Deixa primeiro fazer-te um saquinho.
MÃO CALEJADA
Fazia sempre o que os pais lhe mandavam. Embora, por vezes, remoesse uma certa revolta por ser ele o mais sacrificado, entre os irmãos, a ir buscar água à fonte. Serviço que era preciso fazer várias vezes por dia, por não haver água canalizada, e que, por razões que lhe escapavam, lhe cabia mais vezes a ele. Desconfiava que era por ser o mais novo.
Porém, quando era um dos irmãos a mandá-lo, fazia tudo para equilibrar a balança.:
- Vai à fonte!
A resposta era, invariavelmente:
- Vai tu!
Nunca ninguém lhe batera. Em casa só ameaças. Na escola, arrufos de longe a longe, a terminar em abraços. Naquele dia, porém, sentiu o choque de uma mão calejada a cair-lhe nas costas.E vinha pesada, puxada com convicção, pelo mesmo braço que há pouco fizera estragos numa laje dura com a picareta.
A irmã insistira em mandá-lo à fonte, mas ele não estava praí virado:
- Não me apetece! (Ripostou, determinado)
Soou então uma ameaça:
- Olha que levas!
E, na resposta, uma espécie de desafio:
- O quê, bates-me?
Correu atrás dele pra lhe bater. Mas ele, habituado a saltar que nem um cabrito, fugiu porta fora. E não contente, durante a fuga, chamou-lhe nomes que a fizeram chorar. O pai, que trabalhava ali perto, veio indagar as razões de tal pranto.
- Não quis ir à fonte e chamou-me nomes! (Acusou, em soluços)
Deixou-se estar algum tempo, na rua, a brincar com colegas de circunstância, a ver se a irmã acalmava. Porém, ao regressar, a atmosfera era ainda pesada. O pai, que já o esperava, chamou-o à pedra:
- Então, meu figurão, que fizeste à tua irmã?!
- Eu, ... Bem, ...Ela ...
- Foste desobediente e ainda por cima chamas-te-lhe nomes, né, seu pirralho!?
Dizia isto, com ar grave e ameaçador, e com a mão pronta a sová-lo. Este, entretanto, fugiu para o quarto, atirou-se pra cima da cama, de barriga colada à colcha e o rosto escondido pelos braços O pai entrou, e sem mais palavra, desferiu-lhe três poderosos azoutes, deixando-o por largos minutos num mar de soluços.
No dia seguinte, ela, de nariz levantado, olhou-o de frente e, segura de si, ordenou:
- Preciso de água daqui a cinco minutos! Está aqui o cântaro!
Ele, alérgico a humilhações, não se conteve:
- Não posso, doem-me as costas!
Nesse exacto momento, a porta de entrada rangeu. Era o pai.
E o cântaro, de imediato, saltou do chão e saiu veloz para a fonte.
Foi com muita tristeza que soube da morte da Adelaide Cunha. À família enlutada quero, em nome da APM, expressar os sentimentos de amizade e solidariedade que nos unem. Lembrando ainda que a Adelaide foi desde a primeira hora uma entusiasta do nosso projecto associativo nele tendo colaborado sempre com muita alegria. Que esteja junto de Deus é o que mais desejamos neste momento.
FCR
Em nome da APM quero expresar os nossos sentimentos e desejar que Deus o tenha na sua eterna companhia.
Manuel Moura.
FCR
Nulos: 150 (1.56%) Brancos: 220 (2.29%) Não Votaram: 7.704
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Nulos: 160 (1.74%) Brancos: 169 (1.83%) Não Votaram: 6.888
Nulos: 8 (1.66%) Brancos: 14 (2.90%) Não Votaram: 441
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Nulos: 16 (3.44%) Brancos: 17 (3.66%) Não Votaram: 374
Soube que, algures em Parada de Aguiar, alguém, a quem gabo a inteligência, colou na parede do muro que circunda o seu quintal, a palavra LIXO, com uma seta a apontar para a "borrada" pública que ali deixaram ... de forma que até um morcego pudesse "ler"...
Entretanto, a propaganda, que há 4 anos fora informada, de boca, daquela nódoa evidente, teve que engolir a sábia provocação... E aquilo que deveria ter sido feito há anos, foi resolvido quase de um dia pró outro!!!! ..
CR
Olá., meu bisavô era Crisostomo de Aguiar e veio d...
Meu Grande amigo já descansa paz
Caro primo, Fernando, pelo que me dizes só pode de...
Caro primo, essa passagem do Padre Manuel do Couto...
Parabéns, esse sim o sentido da vida, ajudar sem o...
Absolutamente de acordo!
Sou Cláudio Dias Aguiar, único filho do casal Raim...
domingo gordo é mesmo para enfardar :D :D :D
Os meus pesames a familia.
Como assim??